O Nascimento de uma Flor: Relato de Parto Natural Humanizado
Desde que Daniel nasceu, há quase dois anos, venho me
interessando e buscando cada vez mais informações sobre a situação obstétrica
do Brasil e o parto humanizado. Infelizmente, ter um parto normal hoje em dia
não é algo tão comum no nosso país e quando ele acontece, geralmente, vem
acompanhado de um monte de intervenções desnecessárias, dolorosas e
traumatizantes.
À medida que fui me aprofundando no assunto, percebi que, apesar de ter tido um parto normal, como desejava, gostaria que muitas coisas fossem diferentes se tivesse a chance de ter outro filho.
Assim que decidimos encomendar um
segundo baby comecei a pesquisar diariamente sobre parto natural humanizado e a
discutir com o marido sobre o que desejávamos para esse momento. Optei por
fazer meu pré-natal em uma maternidade do SUS, que é referência em parto humanizado no
Brasil.
A gestação da nossa Lis foi tranquila. Além de ler muitos textos sobre parto, fizemos um plano de parto e eu fazia massagens, escalda pés, homeopatia, aurículo e ventosaterapia para me preparar para o grande momento.
No início de março, com 37 semanas de
gestação, comecei a sentir algumas contrações irregulares, que se estenderam
por três semanas. Já estava cansada de alarmes falsos e torcia para que
ela nascesse antes de 41 semanas, quando tentaríamos induzir o trabalho de
parto.
Fui à consulta no dia 28/03, já com 40
semanas, e pedi que a enfermeira fizesse um descolamento de membranas, pois
esse é um procedimento não farmacológico, feito através do toque e que estimula
o início do trabalho de parto. Saí do consultório já com 4 cm de dilatação e
confiante que estava chegando a hora. Fiz as terapias integrativas nos dois
dias que se seguiram, ainda sem sinais de trabalho de parto.
No dia 30/03 acordei sentindo uma
cólica fraca, que permaneceu ao longo do dia. Saí para passear com a família e
pedi para que meu pai viesse para a nossa casa, pois ele cuidaria do Dandan
quando fôssemos para maternidade.
Passamos um dia agradável conversando
e brincando com o pequeno. Fui me deitar sem nenhum outro sinal, mas tinha a
sensação de que Lili não demoraria a chegar. Rezei, pedindo a Deus que tudo
corresse bem e adormeci.
Acordei às duas da manhã, sentindo contrações a cada três minutos. Ainda estava
doendo pouco. Acordei meu marido e meu pai e me arrumei. Colocamos as malas no
carro, dei leite, troquei a fralda e coloquei Dandan na cama novamente. Às
quatro horas saímos de casa. Nesse momento, as dores começaram a ficar mais
fortes.
Às quatro e quinze,
assim que chegamos à maternidade, as dores se intensificaram. Não conseguia
mais conversar durante as contrações e comecei a sangrar.
Fizemos a ficha e
ficamos aguardando na recepção. Di fazia massagem e conversávamos entre uma
contração e outra. Às 6 horas fui internada com mais de 8 cm (quase 9) de
dilatação. Fiquei feliz em saber que o trabalho de parto já estava avançado,
mas receosa de não conseguir vaga na casa de parto, onde desejava ter nosso
bebê. A equipe se mobilizou e providenciou a o quarto a tempo, pouco antes das
7 da manhã.
Chegando lá, fui direto para a banheira. A água morna tem um efeito surpreendente no alívio da dor e eu chegava quase a adormecer no curto intervalo entre as contrações. Di massageava meus ombros e pescoço e Luísa, enfermeira obstetra, vinha frequentemente verificar os batimentos do bebê. Eu alternava de posição dentro da banheira e respirava fundo, pensando que tudo estava correndo como sonhamos e que não demoraria muito para ter nossa filha nos braços.
Não sei exatamente
quanto tempo fiquei ali, mas depois um tempo comecei a sentir uma vontade
incontrolável de fazer força. A dor ficou mais forte e a enfermeira sentou-se
num banquinho à minha frente, dizendo que ficaria conosco até o
nascimento.
A bolsa estourou
naturalmente dentro da banheira. Nesse momento as contrações estavam mais
próximas. Já não conseguia conversar nos intervalos, apenas ficava de olhos
fechados respirando fundo. Senti que ela estava bem baixa, passando pela pelve.
A dor durante as contrações era intensa, sentia também uma queimação nas pernas e no períneo. Já era possível ver a cabeça da bebê. Luísa me ofereceu o espelho, mas não consegui ver. Me disse para segurar minhas pernas nas próximas contrações. Pensei que ainda demoraria mais ou menos meia hora até conhecer a nossa pequena. Pra minha surpresa, senti a queimação aumentar e uma pressão forte no períneo. Não conseguia controlar a respiração, gemia alto e senti sua cabeça sair. Ouvi o choro do meu marido e Luísa disse que eu estava indo muito bem, que estava quase acabando.
Duas contrações depois, nossa flor chegou ao mundo, às 9h08min do dia 31 de março de 2016. Veio direto pro meu colo.
Esperamos o cordão parar de pulsar antes do papai cortá-lo com ajuda da Luísa. Logo depois ele a pegou e eu fui para a cama para dequitar a placenta e receber alguns poucos pontos. Lili voltou pro meu colo e ficou comigo até eu terminar de receber os cuidados.
Luísa me mostrou minha placenta conforme eu havia pedido e então fui tomar banho, enquanto Lis foi ser examinada e pesada, acompanhada do papai. 3.470g de fofura e 51 cm de lindeza. Voltou linda e quentinha e ficou conosco desde então.
Alguns fatores foram essenciais para
que nós tivéssemos um parto natural humanizado:
- Informação: Existem muitos mitos em
relação à gravidez, crianças que "passam da hora" e parto. É
essencial ter paciência, informação adequada e confiável.
- Apoio da família: Meu esposo
Edmilson sempre me apoiou em todos os momentos, esteve ao meu lado durante todo
o trabalho de parto e se informou junto comigo. Meu pai também me deu todo
apoio, além de cuidar do nosso pequeno na nossa ausência. Obrigada, amores!
- Profissionais humanizados: É
essencial que os profissionais que nos atendem estejam atualizados em relação
as práticas de parto humanizado e baseiem sua prática em evidências
científicas.
Ficamos completamente
felizes e satisfeitos pelo excelente atendimento que recebemos de todos os
profissionais do hospital Sofia Feldman, tanto durante o pré natal quanto
durante o parto e pós parto.
Sei que cada pessoa
tem um percurso e uma experiência singular, mas a nossa experiência foi muito
positiva. Confesso que tinha um pouco de preconceito com esse hospital antes de
conhecê-lo, mas mudei totalmente minha visão e recomendo que, se você está
grávida ou conhece alguma gestante, faça uma visita ao Sofia e veja com seus
próprios olhos. Eu adorei.
Agora, mais ainda, sou uma defensora
do parto ativo, no qual as gestantes fazem suas escolhas e recebem apoio e
informação adequada dos profissionais.
Independente do desfecho (parto normal ou cesárea), é importante que nós estejamos cientes dos procedimentos e possamos fazer nossas escolhas de forma responsável.
Nossa, que bacana, vc viu a placenta!! Invejei... no meu parto pedir pra ver a minha e eles ja tinham jogado fora kkkk
ResponderExcluire ainda acharam estranho o pedido!! Vc tirou foto??
Vi a placenta e achei linda. Ela me mostrou com a maior naturalidade e ainda me mostrou como ela fica dentro da barriga e uma parte da membrana onde seria a bolsa. Ela perguntou se queríamos tirar foto, mas o Di fez cara de nojo e disse que não. Rsrs...
ExcluirDesde o início do relato fiquei imaginando se o parto foi no Sofia Feldman. O final do texto confirmou que sim rs... Desde que fiz estágio lá na Casa de Sofias minha ideia acerca do hospital mudou também! Via com frequência várias mães saindo com seus bebês dizendo à equipe de enfermagem que ficaram com medo ao saberem que seriam encaminhadas para lá, mas que se surpreenderam, pois foram muito bem tratadas. Parabéns Jack, Edmilson e Dandan pela chegada da Lis! Fico feliz que tenha corrido tudo bem, com tanto respeito e profissionalismo!
ResponderExcluir